A extensa obra de Camilo Castelo Branco, sobretudo a narrativa ficcional, tem sido objecto de diversas abordagens temáticas e estudada a partir de múltiplas perspectivas, nomeadamente a literária, a histórica, a cultural e a sociológica. No entanto, pela sua enorme riqueza e complexidade, ainda carece de outras visões renovadoras.
Um dos domínios em que a obra do autor de S. Miguel de Seide não tem sido analisada como merece é o das fontes clássicas que constantemente afloram e enriquecem a sua escrita. De facto, a obra literária deste grande clássico de Oitocentos constitui um vasto repositório de matrizes clássicas, actualizando assim a presença da Antiguidade greco-latina: “Não faltam nas novelas de Camilo citações, às vezes infiéis, de clássicos latinos (...). Não faltam alusões, mais ou menos justas, em regras sóbrias” (Jacinto do Prado Coelho).
Face a esta lacuna dos estudos camilianos, consideramos muito oportuno estudar as diversas formas de pervivência da herança clássica na obra de Camilo Castelo Branco, abarcando a multiplicidade das formas, registos e funções que esse actuante diálogo com as literaturas greco-latinas reveste no universo camiliano. Pela boca de uma heroína romântica, lê-se em A Filha do Arcediago: “Eu faço versos; a musa favorece-me: o Pégaso voa comigo à apolínea fonte e converso com os deuses na Castália”.
Centrando-nos na relação privilegiada de Camilo Castelo Branco com a Antiguidade Clássica, propomo-nos investigar essa relação prolongada e fecunda, desvendando alguns caminhos de releitura da sua obra, através da valorização da memória e do diálogo que assiduamente o escritor explora com essa viva tradição. Escreveu, a propósito, o Prof. Américo da Costa Ramalho: “com o estudo das citações latinas e das alusões às literaturas grega e romana que se lêem nos seus livros podia escrever-se um trabalho de algumas centenas de páginas”.
Dentro de um horizonte intertextual e comparatista, entre outras manifestações da “lição dos clássicos gregos e latinos” (A Queda dum Anjo), sobressaem modos e processos bem diversos de diálogo com o legado clássico, com destaque para os seguintes tópicos:
Cada comunicação terá a duração máxima de 20 minutos. As propostas, sujeitas a avaliação pela Comissão Científica, devem incluir os seguintes elementos e ser enviadas para alicaodosclassicosemcamilo@braga.ucp.pt:
Data limite para envio de propostas: 22 de Dezembro de 2017
Resultados da avaliação: 31 de Janeiro de 2018
Data limite da inscrição: 1 de Março de 2018
Valor da inscrição:
Alguns textos aprovados pela Comissão Científica serão publicados na Revista Portuguesa de Humanidades, volume de 2018. Estes devem ser entregues até ao dia 22 de Abril de 2018.
Grupo de Investigação Memória e Diálogos Literários do Centro de Estudos Filosóficos e Humanísticos (CEFH) da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais – UCP, Braga.